7.3.13

Comemorações sobre a morte de Chávez

Imagem: reprodução/Google
Texto: Danízio Dornelles
Hoje li – indignado – comemorações no Facebook sobre a morte do presidente Hugo Chávez. Depois, com calma, até senti pena. Algumas pessoas são, sim, dignas de pena. E não é pela divergência de opiniões (algo que considero importante), mas pela capacidade de reprodução de um discurso simplório, desses que a gente lê na revista Veja e em outras publicações do gênero. Einstein costumava dizer que duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. O cientista argumentava não estar absolutamente certo sobre a primeira. Eu fico impressionado a cada dia com a expansão da segunda...

Quando percebo que alguns universitários (sim, esses mesmos) abdicam do direito de pensar para simplesmente reproduzir um discurso tosco (aos moldes do que falavam e pensavam os golpistas ao justificarem o AI-5 no Brasil), percebo que a universidade por aqui tem falhado em muitos pontos.

O sistema eleitoral na Venezuela, por exemplo, é considerado um dos mais seguros do mundo. Muita gente não sabe disso ou finge não saber. Lá, além da votação eletrônica, há (simultaneamente) a utilização de cédulas. Alguém já se perguntou se nosso sistema eletrônico é totalmente a prova de fraudes? A leitura biométrica – utilizada em algumas cidades brasileiras na última eleição – já é uma realidade por lá. Recentemente, observadores da Coreia do Sul (repito, do Sul) visitaram a República Caribenha e acompanharam as eleições, com o objetivo de implantar em seu país o mesmo sistema eleitoral. Lá, ao contrário do Brasil, não é obrigatório votar. Contudo, cerca de 80% da população compareceu às urnas na última eleição. Não é estranho que num sistema eleitoral como esse, um “ditador” seja eleito presidente?

O tragicômico da história e ver alguns filhotes da Ditadura – como diria Brizola – agora chamando Hugo Chávez de ditador. 

Para reflexão, deixo um texto do lúcido pensador uruguaio Eduardo Galeano:

“Hugo Chávez es un demonio. ¿Por qué? Porque alfabetizó a 2 millones de venezolanos que no sabían leer ni escribir, aunque vivían en un país que tiene la riqueza natural más importante del mundo, que es el petróleo. Yo viví en ese país algunos años y conocí muy bien lo que era. La llaman la "Venezuela Saudita" por el petróleo. Tenían 2 millones de niños que no podían ir a las escuelas porque no tenían documentos. Ahí llegó un gobierno, ese gobierno diabólico, demoníaco, que hace cosas elementales, como decir "Los niños deben ser aceptados en las escuelas con o sin documentos". Y ahí se cayó el mundo: eso es una prueba de que Chávez es un malvado malvadísimo. Ya que tiene esa riqueza, y gracias a que por la guerra de Iraq el petróleo se cotiza muy alto, él quiere aprovechar eso con fines solidarios. Quiere ayudar a los países suramericanos, principalmente Cuba. Cuba manda médicos, él paga con petróleo. Pero esos médicos también fueron fuente de escándalos. Están diciendo que los médicos venezolanos estaban furiosos por la presencia de esos intrusos trabajando en esos barrios pobres. En la época en que yo vivía allá como corresponsal de Prensa Latina, nunca vi un médico. Ahora sí hay médicos. La presencia de los médicos cubanos es otra evidencia de que Chávez está en la Tierra de visita, porque pertenece al infierno. Entonces, cuando se lee las noticias, se debe traducir todo. El demonismo tiene ese origen, para justificar la máquina diabólica de la muerte.”



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