22.1.12

A linha II


Autor (poesia/imagem): Danízio Dornelles
As nuvens estão perto demais
Perto demais...
Posso tocá-las, se quiser
Abrir um baú secreto
No livro de um poeta
Ou num rosto de mulher
Perto demais
Da distância do infinito
Caminho sobre a linha
Deixo-me levar pelo incontido
Em silêncio (quase segredo)
Ainda te encontro
Nesses desencontros
De finais de tarde...
Só pelas noites dilacero
O vazio profundo do canto comum
Além das palavras, na estranha semente
A estrela insurgente de lugar nenhum,
Desfio fios de utopia
Em brancos laços de espera
Sonhos alados distantes
Beijam caminhos errantes
Nos olhos mansos da fera
A noite que vejo
Cintila o brilho
Da escuridão dos cabelos,
Caminho sobra a linha
Uma leve brisa começa a soprar
(mal sabe ela do temporal interior)
Perto demais da distância
Perdido em ti, adormeço
Só pelas noites amanheço
No tardio mistério das manhãs sem fim
E se me despeço antes do começo
Por horas esqueço o que quero de mim


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