13.1.12

Pedras


Imagem: reprodução/Google
Poesia: Danízio Dornelles
Um dia, talvez, as pedras
Sustento dos corredores
(Sustento desses senhores
Semeadores de bravatas)
Entoem as serenatas
De uma nova melodia
Um dia, talvez um dia
Sucumbam raízes mortas
Ocultas atrás de portas
Pela voz da tirania

Um dia nasce o silêncio
Na voz de quem gritou tanto
Um dia, abre-se o manto
Pra enterrar o desagravo
O trono para o escravo
Sangue, alma e coração
E as pedras - somente, então
(Com cicatrizes profundas)
Verão os sonhos fecundos
Que marcham de pés no chão

Um dia, quem sabe, as pedras
Conheçam o brilho da lua
Conheçam uma nova rua
Que seus olhos possam vê-la
Um dia, quem sabe, a estrela
Apague a treva mesquinha
E as pedras (já sem espinhos)
Constituam uma muralha
Capaz de afrontar batalhas
Trilhando um novo caminho

Um dia, renasce o sonho
Nos sonhadores sem nome
Aqueles que colhem fome
Por trás da mesa vazia
Um dia, talvez um dia
Num prenúncio de verão
As pedras que cobrem o chão
Ganhem vida no espaço
Arrancando os pedaços

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