26.7.12

Utopia


Poesia/imagem: Danízio Dornelles

É real
nossa loucura
sem cura,

A procura
é luz
na noite escura,
que conduz
e transfigura...

Seduz,
inaugura
o apego,
que induz
desassossego.

A essa altura,
o aconchego
itinerante
do instante
se faz brasa:
Delírio constante...
Amor feito asa...

19.7.12

Comum é o sonho de tod@s

Poesia/Imagem: Danízio Dornelles
Bebi o vento dos Andes
Que a fronteira não separa
De Sandino a Guevara
Latinidades iguais
O amor só vence a morte
Quando a vida vence a fome
E a miséria se consome
Pela luz dos ideais

Meu canto
É uma bandeira cor de sangue
Que a ira dos covardes
Nunca pode silenciar
Brotei das flores
Das sementes fecundadas
Pelas almas mutiladas
Que morreram a lutar

Canto insurgente
América em rebeldia
No luar da poesia
Das enxadas sobre a terra
É a verdade dos humildes
Quando o sonho adormecido
Querendo ganhar a vida
Pela fome entra em guerra

Se vem do povo
A tempestade rasga a noite
E os escravos dos açoites
Fecundam a madrugada
Ao novo dia
Novo mundo em tons febris
Já não há mãos infantis
Pedindo pelas calçadas

3.7.12

Mudança


Imagem - França, Maio de 1968
Poesia - Danízio Dornelles

Passam os passos
em descompasso...
O povo tem pressa,
ocupa a praça!
Não há aço
que impeça,
não há promessa
ou ameaça
que desfaça
a crença.
A bandeira presença
(que rubra floresça)
conduz a esperança
que a morte padeça,
que o sonho renasça,
que tudo aconteça
no então recomeço
do braço
que abraça,
na vida que avança,
tomando o espaço
de crer que a mudança
agora aconteça
e que o sol permaneça
insurgente pedaço.

Lar


Poesia/imagem: Danízio Dornelles

Teias de aranha,
angústia
e absinto
estão por todos os cantos;

As vezes me ausento,
por uns tempos
e Sartre me vigia

Deixo-os cuidando o lar,
se multiplicando,
multiplicando a saudade que sentem
do mais antigo irmão...

O retorno é sempre belo,
eis que de braços abertos
me abraçam,
sorriem,
querem saber por ande andei,
o que fiz,
se amei,
se fui feliz...

Não importa – digo,
O importante é que voltei.