15.4.12

Ruas


Autor (poesia/imagem): Danízio Dornelles
O cravo do céu
desperta em luz
os primeiros gemidos
do dia inocente
Por onde escorre
feito nuvem
o leite das manhãs em cio

De repente,
quero simplesmente
O que não é planta
e não é semente
A fertilidade da vida,
A poética das ruas
Sonhos obreiros
que se multiplicam
na parnasiana
dimensão dos muros

O cravo do céu
banha de luz
a escura tempestade
dos fios que dançam ao vento
Os passos seguros,
Os ônibus que passam,
Os gritos que anunciam o destino
daqueles que seguem...

Penetra na cicatriz do céu
Uma fagulha de frio,
Uma centelha
de vida ausente
Um abraço delirante
fugidio da escuridão
Inerte,
apenas contempla aquela
cujo destino
beija a poesia do muros
E dilacera o sentido               
dos itinerários comuns

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