16.2.12

Na face oculta da alma


Imagem: desconhecido
Poesia: Danízio Dornelles
Eu fui o abismo dos sonhos...
(dos sonhos febris de outono)
Lágrima triste incrustada
na palidez de tua face,
Fui estrela e sou a lua
a percorrer teus cabelos,
Eu fui o riso da noite,
embora a noite chorasse...

Sei que teus olhos me buscam
além das sombras esparsas,
além das pedras marcadas,
por entre as rosas caídas,
Ao certo hás de encontrar-me
no labirinto das cruzes,
Velando sonoras preces
aos amores de outras vidas

Há um sussurro em teus lábios
clamando a ausência do adeus
Nos remorsos, nos lamentos,
nas notas de uma canção...
Ao adormecer das noites
calam-se as luzes malditas,
Tentando ofuscar verdades
que habitam a escuridão

Eu sou aquilo que fui,
libertado de mim mesmo,
Imagem nua do espelho
moldando um quadro sombrio;
Não sendo sombras nem luzes,
transfigurei-me em neblina,
Seguindo os mesmos caminhos
que minha alma seguiu...

E agora (ao final de tudo),
frente ao começo do nada
Há rastros não apagados
e um anjo clama por paz,
Meus desejos tem amarras,
meus caminhos são espinhos,
Minha alma anda adiante
ou há tempos ficou pra trás...


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2 comentários:

  1. Olá Guri

    A simplicidade carregada de sentimento em seu versos são alucinantes, versos gostoso de se ler do tipo que tu começa e termina com um suspiro doce alma por vezes se banha de dor quase sempre de amor

    Parabens!

    Adorei esta frase terei q tuitar
    Eu fui o riso da noite
    embora a noite chorasse

    bjim

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    Respostas
    1. Oi, Guria!
      Gostei da tua definição. Dor e amor, essas coisas tão íntimas e, para os românticos, inseparáveis.
      Há quem diga que a dor é a guardiã do amor e não há como colhê-lo sem despertá-la...
      Fica bem!
      Saludos!

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