1.2.12

Desvario secreto


Imagem: desconhecido
Poesia: Danízio Dornelles

“Carnalmente eu amo a alma e com alma eu amo a carne” (Brecht)

Bocas líquidas garimpam o improvável
No calor dos corpos que se desprendem
Como fantasmas paridos pela noite;
Um mar noturno adormece em mim
E desperta o incontido da tempestade,
Estrelas de carne cintilam o suor fecundo,
Fenecem, a espera de um brilho maior...
As mãos abertas são vigorosos pássaros,
Impedem a fuga do instante. Em delírio
A pele de cera se derrete sob a luz da lua,
Enquanto a sutileza do verbo mais concreto
Escorre pela alma das pernas em desalinho...
Brancas esperas na escuridão das noites!
Morro no ocaso dos teus olhos, que desejo,
Morro no desvario secreto de devorar tua alma
E beber a carne no vinho que é teu corpo.


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