12.7.13

Nós, os poemas

Imagem: Google/Reprodução
Texto: Danízio Dornelles

Nós, os poemas, deliramos subitamente na alcova das palavras.

Diluímos o verbo não dito no pecado de um beijo ou de um disparo na escuridão. Sangramos lágrima. Choramos suor.

Em carne viva, despimos a vergonha da plenitude.

Nós, os poemas, somos feitos de pelos e quimeras. Fragmentos de utopia. Afagos sinceros e rimas. Ingênuos fados que fascinam.

Entre o gosto e o agosto, um gole de metáfora dilui na noite o que não se dilui na pele. Então nós, os poemas, cantamos às mãos o que não se canta à lua.

Vestimos o gesto que esculpe as ruas. Somos um pouco de todos. Um fragmento de pedra. Uma alquimia de luta.

Porque entre nós, os poemas, não há o absoluto nem o fraterno abstrato. O que não corta, não serve. O que não sangra, não ama.

Anoitecemos, pois, entre estrelas e estrofes. Num céu que conspira em seu matiz de chama.

Leia também:
-A razão da poesia
-Rebeldia II
-Mudança
-Des(a)tino
-Ligeiro delírio do gosto


Nenhum comentário:

Postar um comentário