14.2.12

Suave temporal

Imagem: desconhecido
Poesia: Danízio Dornelles
Chamo querer, simplesmente
Ou simplesmente querer
O derradeiro momento
Em que as velas dos olhos se acendem
E os braços incontidos se abrem
Num voo sem volta

Quando a alma, na ponta do pés
Vai à janela e se embriaga de luz
Ou de lua
Para finalmente despencar
Num despenhadeiro de escuridão e pecado
Queda-livre em direção ao infinito,
Morte anunciada!
Até que emplumadas asas acolham o corpo
Suspenso por um fio de utopia

Chamo querer, simplesmente
Ou simplesmente querer
O trapézio das bocas coladas
ao desejo do eterno

Caminho de pedras e areia
Mar e temporal,
Novelo do tempo
que consome horas num momento
E eterniza o momento por séculos a fio
Até que um novo instante o absorva

Chamo querer, simplesmente
Ou simplesmente querer
O pecado de amar
e amar, simplesmente

Adormecer a poesia
No mar da pele, no sal da alma
Na ternura de um caminho

Um comentário:

  1. Esssas coisas efêmeras tão lindas, mas que se tornam tão breves e pequenas quando comparadas ao que é construído, à poesia do eterno, maior que um instante. Tão infinitamete menor do que aquilo que se modifica mas permanece pra sempre tamanha grandeza. Mas enfim, "a beleza é mesmo tão fugaz" Há de se viver!

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